Distância administrativa

1. Introdução

Em uma tabela de roteamento, cada rede de destino (identificada por seu prefixo e comprimento de prefixo) pode aparecer apenas uma vez. No entanto, é comum que um roteador aprenda sobre o mesmo destino a partir de várias fontes de roteamento.

A Distância Administrativa (AD) é o valor que ajuda o roteador a decidir qual dessas fontes é mais confiável. Ela atribui uma pontuação de confiabilidade a cada rota, permitindo que o roteador dê preferência a uma fonte em detrimento de outra quando existem várias opções.

Diagrama de rede mostrando um roteador aprendendo dois caminhos, um via OSPF e outro via RIP
Figura 1 – O roteador aprende os caminhos para a mesma rede via OSPF e RIP

Para entender por que isso é importante, vamos considerar um exemplo prático. Na rede abaixo, temos quatro roteadores, e o PC1 precisa enviar tráfego para um servidor na rede 192.168.2.0/24.

Quando o tráfego chega ao primeiro roteador, o R1 descobre dois caminhos possíveis para chegar a 192.168.2.0/24:

  • Um caminho aprendido através do protocolo de roteamento dinâmico OSPF
  • Outro caminho aprendido através do protocolo de roteamento dinâmico RIP

Como o OSPF e o RIP usam suas próprias métricas para selecionar o melhor caminho, isso levanta uma questão importante:

  • Qual caminho deve ser instalado na tabela de roteamento?
  • Em qual fonte de roteamento o R1 deve confiar?
Roteador decidindo entre dois caminhos de rede possíveis para chegar ao mesmo destino
Figura 2 – O roteador enfrenta uma escolha entre dois caminhos de rede diferentes

É exatamente aqui que entra em jogo a distância administrativa. No nosso exemplo, ela permite que o roteador faça uma escolha quando diferentes fontes de roteamento apontam para o mesmo destino.

O AD é um número atribuído a cada rota que indica a confiabilidade da fonte. Quanto menor o valor, mais o roteador confiará nessa rota.

A distância administrativa é usada primeiro para selecionar o protocolo de roteamento mais confiável quando vários protocolos anunciam o mesmo destino. Uma vez escolhido o protocolo, sua métrica é usada para determinar o melhor caminho dentro desse protocolo.

2. Valor padrão da distância administrativa

Abaixo está uma tabela que mostra os valores padrão de Distância Administrativa para diferentes tipos de rotas.

Gráfico de distância administrativa padrão comparando os níveis de confiança do protocolo de roteamento.
Figura 3 – Distância administrativa padrão

Quanto menor for a distância administrativa, mais confiável será a rota. No topo, temos rotas diretamente conectadas com uma AD de 0. Isso faz sentido, pois essas redes estão fisicamente conectadas às interfaces do roteador, não havendo necessidade de questionar sua confiabilidade.

Em seguida, temos rotas estáticas com um AD de 1. Elas são configuradas manualmente por um administrador de rede, o que significa que são consideradas altamente confiáveis.

Em seguida, passamos aos protocolos de roteamento dinâmico. Aqui, listei os mais comuns e os valores que você deve saber para o CCNA.

Por exemplo:

  • O OSPF tem um AD de 110.
  • O RIP tem um AD de 120.

Isso significa que o OSPF é preferível ao RIP quando ambos aprendem o mesmo destino, porque seu AD é menor.

3. Como os roteadores selecionam as rotas

Vamos aplicar o conceito de Distância Administrativa ao nosso exemplo.

O caminho aprendido através do OSPF tem um AD de 110, enquanto o caminho aprendido através do RIP tem um AD de 120. Como um AD mais baixo significa uma rota mais confiável, o roteador selecionará o caminho OSPF.

OSPF AD 110 versus RIP AD 120 mostrando o caminho preferencial selecionado pela distância administrativa
Figura 4 – A distância administrativa decide: OSPF (AD 110) preferido em relação ao RIP (AD 120)

Se verificarmos a tabela de roteamento no R1 usando o comando show ip route

R1# show ip route
Codes: L - local, C - connected, S - static, R - RIP, M - mobile, B - BGP
 D - EIGRP, EX - EIGRP external, O - OSPF, IA - OSPF inter area
 N1 - OSPF NSSA external type 1, N2 - OSPF NSSA external type 2
 E1 - OSPF external type 1, E2 - OSPF external type 2, E - EGP
 i - IS-IS, L1 - IS-IS level-1, L2 - IS-IS level-2, ia - IS-IS inter area
 * - candidate default, U - per-user static route, o - ODR
 P - periodic downloaded static route

Gateway of last resort is not set

 192.168.1.0/24 is variably subnetted, 2 subnets, 2 masks
C 192.168.1.0/24 is directly connected, GigabitEthernet0/0
L 192.168.1.1/32 is directly connected, GigabitEthernet0/0
O 192.168.2.0/24 [110/3] via 192.168.10.2, 00:00:57, GigabitEthernet0/1
 192.168.10.0/24 is variably subnetted, 2 subnets, 2 masks
C 192.168.10.0/24 is directly connected, GigabitEthernet0/1
L 192.168.10.1/32 is directly connected, GigabitEthernet0/1
 192.168.20.0/24 is variably subnetted, 2 subnets, 2 masks
C 192.168.20.0/24 is directly connected, GigabitEthernet0/2
L 192.168.20.1/32 is directly connected, GigabitEthernet0/2
O 192.168.30.0/24 [110/2] via 192.168.10.2, 00:00:57, GigabitEthernet0/1
R 192.168.40.0/24 [120/1] via 192.168.20.2, 00:00:18, GigabitEthernet0/2

A rota destacada para 192.168.2.0/24 é aprendida via OSPF.
Dentro dos colchetes [110/3], temos dois valores importantes:

Exemplo de distância administrativa e métrica OSPF
Figura 5 – Distância administrativa e métrica OSPF na tabela de roteamento
  • 110 → a Distância Administrativa, mostrando o quanto o roteador confia nessa fonte.
  • 3 → a métrica, usada pelo OSPF para selecionar o melhor caminho entre as rotas OSPF.

Como o AD (110) do OSPF é menor que o AD (120) do RIP, o roteador escolhe esse caminho OSPF e o instala na tabela de roteamento.

4. Distância administrativa igual

Agora, imagine que não há caminho RIP e ambos os caminhos são aprendidos através do OSPF. Como o R1 decidiria qual usar?

rotas de custo igual ospf distância administrativa 110
Figura 6 – Duas rotas OSPF de custo igual com distância administrativa 110

O roteador segue um processo de decisão simples:

  1. Primeiro, compara a Distância Administrativa, o caminho com a menor DA ganha.
  2. Se o AD for o mesmo, o roteador compara o valor métrico dentro do mesmo protocolo de roteamento; a métrica mais baixa vence.
  3. Se o AD e as métricas forem idênticos, o roteador poderá realizar o balanceamento de carga, enviando o tráfego por vários caminhos.

Em nosso exemplo, ambas as rotas OSPF têm um AD de 110 e a mesma métrica de 3, portanto, R1 fará o balanceamento de carga do tráfego entre os dois caminhos.

Rotas OSPF de custo igual (AD 110) com balanceamento de carga.
Figura 7 – Dois caminhos OSPF (AD 110) que permitem o balanceamento de carga.

Nesse caso, metade do tráfego do PC1 para o servidor seguirá um caminho, e a outra metade seguirá o caminho alternativo.

5. Resumo

A distância administrativa (AD) é o primeiro critério que um roteador usa ao escolher entre várias rotas para o mesmo destino a partir de diferentes fontes.

  • AD mais baixo = rota mais confiável.
  • Se duas rotas tiverem o mesmo AD, o roteador compara suas métricas de protocolo para escolher o melhor caminho.
  • Se tanto o AD quanto a métrica forem iguais, o roteador poderá equilibrar a carga do tráfego.
Gráfico de distância administrativa padrão com exemplo OSPF mostrando AD 110 e métrica 3 em uma entrada da tabela de roteamento Cisco.
Figura 8 – Resumo da distância administrativa padrão

No exemplo acima, [110/3] mostra a Distância Administrativa (110) para OSPF e a métrica OSPF (3).